.ÚLTIMA CARTA de Ava.
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Não falar do pão. Não falar da água. Nem do resto de luz preso à unha. Deixar que o espelho esconda as faces e só fique a de tuas costas indo além das colunas de ar. Escorre no vento a força de tuas mãos rasgando cartas que eu escrevi com ancoradouros e oceanos. Sempre pensei nossos corpos fazendo sombra única quando o sol crescia sobre nós. Agora me sobra o suor que eu não sei precisar de qual esforço. Talvez o de manter o corpo abraçado à alma, antes que ela salte e deixe só os recantos de mim. As tardes como calendários do tempo gasto a fio para esquecer o que não é mais memória, mas veia, rugas, sangue, coração arfante. Eu que mais não sou.
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Ava. .
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[ Imagem: Montagem sem título. Luciana Marinho 2006 ].
domingo, 24 de junho de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Os Corpos Masculinos e as Flores
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SARGENTO GARCIA
em memória de Caio Fernando Abreu
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teus lábios em minha pele
cálidos como
as matilhas selvagens do
encanto
meu pau
solene feito um átrio aço
incontido de paixão e medo
busca o abrigo do teu hálito
nenhuma voz crepuscular
na indução do desejo
escarro na boca
escancarada da cidade
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Lau Siqueira
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* Colagem feita a partir da leitura do conto Morangos Mofados,
de Caio Fernando Abreu, para a exposição de fotografias
Das Cores que Caio: um Diálogo Foto-Literário
organizada por Adriano Andrade no
I Colóquio de Estudos Literários Contemporâneos
UFPE 2006
* Poema escrito especialmente para o jornal Colméia
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sexta-feira, 1 de junho de 2007
M.o.s.a.i.c.o d.e V.e.n.t.o
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Palimpsestos
de Kaminski
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Sou encantada com seu mundo já há algum tempo.
Vi muita beleza em tudo.
Sou encantada com seu mundo já há algum tempo.
Vi muita beleza em tudo.
Várias naturezas se tocando num deslimite místico.
Passa-me uma nostalgia imensa.
Passa-me uma nostalgia imensa.
Nostalgia do infinito que somos.
De nosso ventre e reentrâncias.
Delicadeza, suavidade, densidade, feminilidade
e muitas possibilidades de ser:
Ser música, páginas, vãos, terra, outono, noite, azul, silêncio.
Ser num olhar.
De nosso ventre e reentrâncias.
Delicadeza, suavidade, densidade, feminilidade
e muitas possibilidades de ser:
Ser música, páginas, vãos, terra, outono, noite, azul, silêncio.
Ser num olhar.
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Imagem:
In-conclusão
Ana Luisa Kaminski
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